Bailarina epiléptica pára medicação para sofrer ataque em cena

domingo, 29 de novembro de 2009

2009-11-20
O Arts Council pagou o equivalente a 15500 euros a uma bailarina epiléptica para que suspenda provisoriamente a sua medicação e sofra um ataque em cena.

A actuação de Rita Marcalo, que ficará 24 horas sem dormir, tem em vista estudar os "interfaces físicos entre a dança, o movimento e a epilepsia", noticía do diário britânico "The Times".

A decisão do Arts Council - agência de promoção das artes do Reino Unido - foi criticada pelas organizações não-governamentais dedicadas a ajudar este tipo de pacientes, que denunciam a conversão da enfermidade num monstruoso espectáculo e alertam para o perigo de suspender a medicação.

Marcalo, directora artística da companhia de dança Dissidence, com sede na cidade inglesa de Leeds, é epiléptica desde os 17 anos e pretende com a sua actuação no teatro de Bradford explorar aquilo a que chama a sua "outra identidade" como deficiente.

Serão utilizadas no espectáculo luzes estroboscópicas, programas informáticos especialmente concebidos, e a protagonista terá de jejuar e privar-se de dormir, elevará artificialmente a temperatura corporal e tomará estimulantes da actividade cerebral, nomeadamente álcool e tabaco.

Enquanto aguarda o ataque de epilepsia de Marcalo, o público "terá outros bailarinos com que se entreter".

Segundo o teatro, "num determinado momento, Marcalo poderá sofrer um ataque epiléptico. Quando este ocorrer, soará um alarme, as luzes aumentarão de intensidade, deixará de ouvir-se a música e uma série de câmaras gravará o ataque".

Mais ainda, o teatro desafia o público a registar o momento com o telemóvel.

O Arts Council justificou a sua decisão de pagar a Marcalo para a realização deste polémico espectáculo dizendo tratar-se de uma "artista importante cujo trabalho merece ser visto".

Para Sallie Baxendale, neuropsicóloga da Sociedade Nacional contra a Epilepsia, mesmo que as pessoas passem a partir de agora a falar mais da enfermidade, o que se vai ver é um grotesco espectáculo, a que se junta o perigo que representa para a saúde a suspensão monentânea da medicação.


in Jornal de Notícias

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